domingo, 26 de junho de 2011

(...) Eu odeio você hoje porque o dia está horrível e eu quero odiar tudo para ficar mais fácil levantar da cama. Te amar poderia me deixar linda, mas hoje eu quero ser feia. Hoje eu não quero te amar. Dá muito trabalho tudo isso. Eu não quero te falar sobre o meu passado, sobre o que eu sei e sobre o que eu sou. Eu quero ficar calada te odiando secretamente durante todo o dia. Amanhã eu volto ao normal e nem ligo para o mundo. Amanhã eu te amo a troco de nada de novo. Amanhã eu não me importo que você trabalha com moda. Amanhã, mesmo se o dia estiver horrível eu prometo que volto a te amar e achar que você é o homem da minha vida. Porque você não é feito do seu trabalho, e ele não tem nada a ver com você. Você é uma exceção da sua espécie. Você parece que estava distraído enquanto tudo acontecia. Você não ouviu a maldade. Eu amo tanto o seu jeito de ser o que você é, assim tão facilmente. E você é tão lindo que me dá raiva. E os seus olhos são uma coisa que eu não tenho a menor idéia como explicar. É o sol e a lua ao mesmo tempo. É tipo uma paisagem vista da janela de um navio. Teus olhos exigem um silêncio. O mesmo silêncio que exige o mar. E eu não consigo mais te detestar porque você é todo feito de paz, você me dá vontade de chorar e de te abraçar tão forte. Eu não consigo nem chegar perto de te odiar, nem num dia desses, que eu acordei pronta para o mistério da tristeza de de repente.

Demorei para dormir

Demorei para dormir, porque eu pensei em Deus. Pensei em comida, no reveillon e eu pensei também no abismo e na morte. Pensei na solidão, mas eu pensei em nós dois, pensei nele também, eu pensei em religião. Eu pensei em notícias, em frases, em suco de limão. Cheguei a pensar no meu sonho antigo e a falta que ele me faz. Fiquei pensando em ir embora, como eu sempre penso, depois eu pensei em motivos para ficar. Pensei em mais um pouco de abismo, nos cachorros do vizinho, em línguas que eu queria aprender e em café. Eu odeio café, mas eu bebo mesmo assim. Pensei em fotos que eu tirei, e em fotos bonitas para tirar. Pensei na praia, nos meus irmãos. Pensei em armários maiores, em roupas e na sua loja. Eu pensei nos seus traços e eu ia começar a pensar na chuva, mas eu caí no sono e passei a sonhar. Os meus sonhos eu nunca lembro.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ressaca

Como suportar o dia seguinte da vida? O que significa esse aperto, é um aperto? A vida passando por entre os dedos, como se não fosse nada demais... Esses furacões diários, como é que a gente sobrevive? Como é que se chama essa ressaca de viver? Essa ressaca de dor de saudade, o que é que eu faço com isso? Eu não sei esperar o dia seguinte de hoje. Eu não sei sobreviver a perspectiva do fim do dia, e quando o dia seguinte chega, eu não sei o que fazer com ele. É assim mesmo que se vive, sem nem saber como sobreviver?

domingo, 12 de junho de 2011

Tic Tac

Está tudo meio abandonado: ideais, sonhos, objetivos. Está tudo um pouco embolorado e com algumas teias de aranha. Tudo parece um pouco sem dono. E tem dias que nada ajuda. E tem dias que ninguém pode ver o que se passa, porque todo mundo tem os seus próprios bolores. E os pensamentos, as vontades e saudades se misturam e viram uma coisa só: uma coisa que machuca. Não adianta tentar se esconder com fins de semana que surdam da alma. Não adianta calar-se diante dos outros. Não adianta rir, porque a risada nessas horas é uma máscara frágil que se desfaz em um minuto. O melhor a fazer agora é esperar. Tic tac tic tac. Esperar a próxima volta do mundo. Quem sabe não dá para pegar uma carona?